Caçapava

Caçapava

Luis Carlos Melo Lopes

Um marcador implacável
Caçapava se destacou como um dos grandes volantes do Internacional na década de 70

Por Matheus Kern (matéria publicada na Revista do Inter/edição 25)
Fotos:site Milton Neves

Em meados de 1970, o Internacional começava a montar um dos melhores elencos que o planeta já presenciou. Foi nesta década que o Clube do Povo provou quem era o maior clube do Rio Grande do Sul e do Brasil. O novo estádio, inaugurado alguns anos antes, correspondia à expectativa da fanática torcida colorada, sendo palco de grandes jogos e de finais inesquecíveis. Daquele time, havia craques do meio-campo para frente, como Falcão e Paulo César Carpegiani, mas quem segurava os meias e os atacantes adversários? A resposta está na ponta da língua de todos torcedores da época: Caçapava.

Batizado como Luis Carlos Melo Lopes, o apelido surgiu por causa da cidade onde nasceu, Caçapava do Sul, distante 263 km da capital. Em um time onde quase todos atacavam e tinham qualidade para isso, o volante Caçapava era o responsável pela guarnição da defesa colorada. Junto com Falcão, Carpegiani e depois Batista, formou um dos meio-campos considerados dos sonhos pelos colorados mais antigos. Como marcador implacável, anulou grandes craques que ousaram ameaçar os defensores do Inter, como Joãozinho e Palhinha, na final do Campeonato Brasileiro contra o Cruzeiro em 1975, e Geraldão, do Corinthians, em 1976.

O volante deu seus primeiros passos no Gaúcho, time de Caçapava do Sul, então com seus 18 anos de idade. Em 1972 transferiu-se para o Internacional, onde, aos poucos, começou a trilhar o caminho das grandes conquistas. Em 1974, conquistou seu primeiro grande título com a camisa colorada, o primeiro Campeonato Gaúcho de muitos outros que estavam por vir – venceu também em 1975, 1976 e 1978. Um ano depois, deparava-se com um Beira-Rio completamente lotado para a grande final do Brasileirão, diante do forte Cruzeiro. Placar de 1 a 0 para o Inter, gol de Figueroa, por quem Caçapava nutria grande amizade. Em 1976, veio o bicampeonato, vitória de 2 a 0 em cima do Corinthians de Neca, Ruço, entre outros.

Em um daqueles episódios curiosos do futebol brasileiro, o volante Caçapava tentava convencer o médico colorado, José Mottini, a não realizar operação no seu joelho direito. “Doutor, se eu chutar a bola com a direita, o menisco tem que doer? Eu não sinto nada!”, questionou o volante. Com a resposta afirmativa do médico, confirmando que a lesão havia aparecido no exame de artroscopia, o jogador retrucou: - Então esse joelho aí não é o meu! 

Depois da vitoriosa passagem pelo Internacional, o volante Caçapava atuou ainda no Corinthians, Palmeiras, entre outros clubes. Hoje, o ex-volante mantém uma escolinha de futebol na distante Teresina, no Piauí. Para os colorados que assistiram ao vivo aos craques da década de 70 desfilarem pelos gramados do Brasil, uma lembrança há de ficar. Caçapava era o cão de guarda da meia-cancha colorada, e não dava descanso e nem sossego para os atacantes e meias mais desavisados.



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