06/08/2010

Um jogo repleto de emoções no Morumbi

Por Felipe Silveira (texto) e
Alexandre Lops (fotos)
De São Paulo

Foi uma partida para entrar para a galeria dos confrontos antológicos da centenária história colorada. O Inter foi valente no Morumbi e conquistou de forma heroica a classificação à final da Libertadores 2010. Confira alguns dos destaques deste jogo inesquecível na capital paulista.

Alecsandro silencia o Morumbi

O Inter estava perdendo por 1 a 0, resultado que levaria a decisão da vaga para os pênaltis. Mas os rumos da semifinal mudaram aos 6min do segundo tempo, quando D’Alessandro cobrou uma falta frontal ao gol de Rogério Ceni. No meio do caminho, Alecsandro deu um toque de calcanhar na bola, mudando a sua trajetória de forma abrupta. Ceni se esticou todo, mas não conseguiu evitar que a bola entrasse no cantinho direito. O gol silenciou os mais de 57 mil são-paulinos presentes no Morumbi. O Inter agarrava-se à vaga em mais uma final de Libertadores. Na sua 99ª partida com a camisa colorada, Alecsandro marcou um dos gols mais importantes da sua carreira. Foi o 48º gol pelo Inter e o 34º nesta temporada. É o artilheiro do time na Libertadores ao lado de Giuliano, com quatro gols.


Alecsandro pôs fim a sonho são-paulino de conquistar o tetracampeonato da Libertadores

A raça argentina de D’Alessandro

O meia-atacante foi um gigante na semifinal. Ao melhor estilo argentino, ele brigou por cada palmo do gramado: deu carrinhos, dividiu com os adversários e foi decisivo no lance do gol colorado. A cobrança da falta foi friamente calculada por D’Alessandro. “Na primeira falta que cobrei na partida , vi que o Rogério (Ceni) se movimentou para o lado antes de eu bater. Na segunda vez, resolvi chutar onde ele estava, para ver se o enganava. Mas é claro que o toque do Alecsandro foi fundamental”, reconheceu o argentino, que comemorou intensamente junto à torcida o gol da classificação.

Equilíbrio emocional

O Inter teve a cabeça no lugar mesmo nos momentos mais difíceis da partida. E este equilíbrio emocional foi determinante para que o time de Celso Roth alcançasse a tão desejada vaga. O primeiro gol, sofrido em um lance infortúnio de Renan ainda no primeiro tempo, não foi suficiente para abalar a confiança dos jogadores. O Inter manteve sua proposta de jogo. Na etapa final, um minuto depois de empatar a partida, a equipe colorada voltou a ficar em desvantagem no placar, com o gol marcado por Ricardo Oliveira. Mas o Inter novamente não se desestabilizou. Seguiu acreditando que conseguiria administrar o resultado até o apito final. E assim foi. Com consciência total, os jogadores souberam tocar a bola, tornando desesperadora a vida do São Paulo dentro de seus próprios domínios.


Inter soube segurar o ímpeto do adversário na semifinal

Pulmões de aço

O Inter correu muito, mas muito mesmo durante os 90 minutos. Logo no começo da partida, já foi possível perceber a proposta de marcação total que o time colorado exerceria. A ideia era não deixar o São Paulo respirar. Os jogadores se multiplicavam em campo, marcando desde a saída de bola do time da casa. Neste sentido, Alecsandro desempenhou um papel importantíssimo. Mesmo no final do jogo, já totalmente extenuado, ele não deixou de ajudar na marcação. Sobrou preparo físico ao Inter no Morumbi.

Giuliano prende a bola

O jogo estava nos 15 minutos finais. Ao Inter só interessava que o tempo passasse o mais rápido possível. Foi quando Celso Roth colocou Giuliano no time com o objetivo de segurar a bola. E o garoto cumpriu com maestria a função, retendo a bola com habilidade na lateral-esquerda do campo.

Morumbi virou o Beira-Rio

Foi uma festa linda de ver. Mais de 2 mil colorados se apinharam na arquibancada para acompanhar a mais uma partida histórica do Inter na capital paulista. Eles chegaram ao estádio mais de três horas antes de começar a partida, e para passar o tempo, entoaram um vasto repertório de cânticos que fazem sucesso no Beira-Rio. Quando os times estavam perfilados em campo para a execução do hino nacional, os colorados trataram de dar a sua versão para o momento solene, cantando a plenos pulmões o hino rio-grandense. O verso “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra” ecoou no Morumbi. Quis o destino que o gol de Alecsandro fosse marcado justamente na goleira em frente ao setor da torcida visitante. Assim como foi em 2006, quando o Inter venceu por 2 a 1 no primeiro jogo da final da Libertadores, a massa colorada fez o Morumbi virar o Beira-Rio mais uma vez.


Torcida colorada lotou o espaço destinado no Morumbi

Aniversário inesquecível

O roupeiro Gentil Passos completou 54 anos no dia em que o Inter carimbou sua passagem para mais uma final de Libertadores. Antes mesmo do jogo, ele foi homenageado com um bolo durante o almoço no hotel onde a delegação estava concentrada. Mas era apenas o início de um dia que seria marcado por fortes emoções. Após a partida, os jogadores dedicaram a vitória ao profissional que trabalha há 36 anos no Inter. Gentil foi arremessado para o alto numa animada festa no vestiário. Para completar, ele ganhou de presente uma camisa oficial repleta de mensagens de todos os jogadores, dirigentes e funcionários presentes na jornada na capital paulista. Emocionado, ele disse que nem sequer viu o jogo, já que, como de costume, permaneceu o tempo todo no vestiário. “Não vi nada, mas ouvi a torcida explodindo na hora do gol. Foi lindo”, contou.


Emoção pura: Gentil Passos chora ao ser homenageado pelos jogadores ao final da partida

Terceira final

O Inter disputará pela terceira vez o título da Libertadores. Em 1980, o time colorado encarou o Nacional, do Uruguai, na decisão continental. Após empatar em 0 a 0 no Gigante, acabou sendo derrotado por 1 a 0 em Montevidéu, ficando com o vice-campeonato. Em 2006, o Inter foi campeão ao bater justamente o São Paulo na final. Agora, quatro depois da conquista inédita, tem a chance de se tornar bicampeão da América.


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