29/09/2008

Eu já sabia, só queria saber até onde ia


Por Roberto Teixeira Siegmann
Vice-presidente de Serviços Especializados

Sim, é óbvio que estou falando do Gre-Nal. Falando do Gre-Nal que foi testemunhado por todo o Brasil, do Gre-Nal que, uma vez mais, ficou marcado na história do futebol. Mas, como a minha atividade no Inter não está diretamente relacionada com o futebol, como sempre reconheci e respeitei o trabalho que é realizado em nosso vestiário e como não sou de achincalhar com adversários depois de humilhantes derrotas, falo sobre comunicação - comunicação esportiva.

Já imaginando o que vem por aí, faço questão de estabelecer algumas premissas, como dizem os políticos. Sempre fui contra a censura, sendo do tempo em que as notícias eram proibidas por um simples telefonema dado às redações. Mas não fui contra por mero princípio. Ativamente lutei contra, de forma engajada e organizada. Muito bem. Hoje acordei cedo, liguei o rádio, a TV e recolhi os jornais na ânsia de usufruir um pouco mais do estonteante resultado de ontem. Com a minha Zero Hora na mão, jornal de respeito, não só pela sua direção, como especialmente pelos profissionais que lá trabalham, me deparo com a manchete do Caderno de Esportes: DEU GALÁCTICOS!

Eu havia imaginado de tudo - humilhado perde a liderança; Inter patrola... - mas na utilização de um apelido lançado aos ares com intuito depreciativo, jocoso e irônico, nunca. Como se tratava de um Gre-Nal, onde as coisas devem ser tratadas com um mínimo de eqüidade, fiquei imaginando o contrário. Como disse imaginando, pois em nenhum momento o resultado esteve perto de ser realidade. Se eles ganhassem nas mesmas condições, o Caderno de Esportes de ZH traria a seguinte manchete: Deu operários!

Alguém acredita nisso?

Claro que não. Quem acompanha o jornal na sua parte de esportes sabe que não. Por lá as coisas não são tratadas com a devida, merecida e esperada igualdade. Há uma imensa desproporção, algo que irrita a torcida do Inter.

Como já disse, sei que receberei inúmeras críticas. Ora, o inegável e admirável direito que garante liberdade para a imprensa decorre da liberdade de manifestação - garantia constitucionalmente assegurada a todos os cidadãos. Sou leitor, assinante do jornal, torcedor, conselheiro e dirigente do maior e melhor clube de futebol do Rio Grande do Sul e, como tal, posso opinar.

Enfrentamos uma fase difícil, uma fase de reestruturação de afirmação de um novo trabalho. Novo comando técnico e novos jogadores. Contamos com a paciência de nossos torcedores. Eles, mais do que ninguém, sabem que no Inter se trabalha e se trabalha muito. É apenas com trabalho que se chega lá. Afinal, foi assim que fomos Campeões do Mundo FIFA, Libertadores, Recopa, que mais ganhamos campeonatos gaúchos e o tri brasileiro. A nossa torcida deu um show. Ela fechou com o time, pois ela sabe que essa é a receita para o sucesso. Mas, retomando o tema central, o momento não era bom, quando as críticas se acumulavam na imprensa - algumas aceitáveis, outras não - ficamos quietos. Calamos por uma simples razão, qualquer coisa que fosse dita seria atribuída à insatisfação do momento.  Agora é momento de chamar a atenção, de apontar os equívocos, de lançar opinião. Ninguém poderá dizer que o faço para culpar a imprensa.

A manchete é muito ruim, pois em momento de superioridade do Inter, lançam mão a uma provocação de um dirigente adversário.

Ou falta imaginação e criatividade, ou falta respeito ao nosso Inter.

É a minha opinião.


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