Muito se diz que o meio-campo é a alma de um time. É o setor mais versátil, no qual é preciso ter equilíbrio entre o poder de marcação e criação. Por lá, as equipes contêm o ímpeto do adversário, mas também é por nesta mesma região do campo que são articuladas as jogadas ofensivas, ligando a defesa ao ataque.

Encontrar uma identidade, uma mecânica de jogo para este importante setor do time é um dos desafios enfrentados pelos técnicos. Contra a Portuguesa, no próximo domingo, o técnico interino Guto Ferreira  poderá aproveitar novamente um trio que já mostrou grande entrosamento na temporada: Magrão, Edinho e Guiñazu.

A última vez em que atuaram juntos foi há dois meses, na vitória de 3 a 1 sobre o Veranópolis, pela fase classificatória do Gauchão. Em 2008, a torcida colorada pôde ver o trio junto em oito partidas, e o aproveitamento chama atenção: foram seis vitórias, um empate e uma derrota. ?É uma combinação muito interessante de jogadores, que traz um poderio muito grande ao meio-campo do Inter. É muito fácil jogar ao lado de Magrão e Edinho?, elogia o volante argentino Guiñazu.

A temporada começou atípica para Edinho (foto ao lado). Jogador com o histórico praticamente nulo de lesões, o volante campeão do mundo em 2006 ficou de fora da disputa da Dubai Cup no início deste ano em função de uma pancada sofrida um dia antes do embarque para os Emirados Árabes. Depois de mais de um mês de recuperação, Edinho voltou à equipe, mas no final de março foi acometido pelo vírus da hepatite e ficou longe dos gramados por mais dois meses. A irregularidade em 2008, no entanto, não diminuiu a motivação do jogador na busca por seu espaço no time. Edinho quer reconquistar a titularidade que já foi praticamente incontestável entre 2004 e 2007. ?Quero muito voltar a mostrar o meu valor?, afirma o volante, que já defendeu o Inter em 250 jogos.

Recuperado de lesão, Magrão deve voltar ao time contra a Portuguesa

Coincidência ou não, nas 40 partidas em que Magrão atuou desde que chegou ao Beira-Rio - em julho de 2007 - o Inter foi derrotado apenas seis vezes. Volante moderno, que chega com facilidade ao ataque (já marcou sete gols pelo Inter), além de possuir uma consciência tática apurada, este paulistano da capital dá pouca relevância às estatísticas. Recuperado da lesão muscular que o afastou dos gramados nos últimos seis jogos, Magrão mostra inquietação por voltar ao time. ?É muito difícil ficar de fora. Estes números não têm valor nenhum se não estou jogando. O que interessa para mim é estar dentro de campo dando carrinho e ajudando a equipe?, garante o volante. Sem meias palavras, Magrão deixa claro seu objetivo no Inter: ?Meu sonho desde o início é disputar uma Libertadores no Gigante lotado. Vou lutar muito para atingir esta meta?, promete.

Desde que chegou ao Inter, em junho do ano passado, ficou difícil dissociar a equipe colorada da figura de Guiñazu (foto ao lado). Em recente matéria publicada no site da Fifa (http://www.fifa.com/), o argentino é definido como ?a alma do Internacional?. E não poderia ser diferente, já que dedicação incondicional do volante contagia o grupo e a torcida colorada. Contra a Portuguesa, Guiñazu deve fazer sua 41ª partida pelo Inter, mas os colorados sonham com uma trajetória muito mais ampla do ídolo no Beira-Rio. A identificação do carismático argentino de Córdoba é tão grande, que ele já pensa em encerrar a carreira no Inter. ?O carinho que a torcida sempre me deu é algo emocionante. Tenho contrato de quatro anos, mas seria um privilégio estender por mais tempo?, revela Guiñazu, símbolo da garra colorada.

O peso do trio

Com Magrão, Guiñazu e Edinho juntos no time em 2008, o Inter tem seis vitórias, um empate e uma derrota, com um aproveitamento de 79,16%.

Edinho e Guiñazu liberados para atuar contra a Portuguesa

Os volantes Edinho e Guiñazu foram julgados na última terça-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Despotiva (STJD) em função das expulsões na partida contra o Palmeiras, pela segunda rodada do Brasileirão. Cada jogador foi condenado a apenas um jogo de suspensão, que já foi cumprida na partida contra o Flamengo, na terceira rodada. Dessa maneira, a dupla poderá atuar no Canindé.

Treino forte no suplementar

O técnico interino Guto Ferreira comandou um treino na tarde desta quarta-feira no gramado suplementar do Beira-Rio. Guto posicionou uma possível formação no coletivo que foi realizado com o campo reduzido: Renan; Danny Morais, Orozco e Marcão; Ricardo Lopes, Edinho, Magrão, Andrezinho e Guiñazu; Adriano e Alex. Fernandão, Nilmar e Índio foram poupados da movimentação e realizaram trabalhos físicos específicos.

Durante o treino, os jogadores mostraram muita disposição. Cada lance foi disputado como se fosse um jogo oficial, dando uma demonstração do clima de mobilização do grupo colorado para o jogo contra a Portguesa. ?O ditado está valendo: treino é jogo e jogo é guerra. Todo mundo quer mostrar trabalho para conquistar um lugar na equipe. O importante é que ninguém se machuque nas divididas?, analisa o zagueiro Marcão.

Texto: Felipe Silveira
Fotos: Alexandre Lops