O ano de 2005 recém tinha começado quando o gaúcho Fernando Coronel tomou a decisão de desbravar terras australianas. Na bagagem, o jovem de 23 anos carregava não muitas coisas: as poucas palavras que sabia falar em inglês e o título de cônsul colorado, concedido pelo Relacionamento Social do Inter, poucos dias antes de sua ida para o exterior. A cidade que o porto-alegrense escolheu foi Sydney, uma das maiores da Austrália.

O objetivo de se estabelecer profissionalmente veio junto à missão de unir os colorados e coloradas que lá residiam para que fizessem parte do consulado. “Juntar as pessoas naquele tempo era muito difícil, se comparado aos dias de hoje. Naquela época, tínhamos poucas redes sociais, a internet não nos permitia fazer streaming dos jogos para assistirmos. Mas, mesmo assim, nos reuníamos para escutar os jogos e confraternizar”, conta Fernando.

Até parece que foi ontem, mas já faz 14 anos que ele decidiu deixar Porto Alegre para arriscar uma nova vida a mais de 12 mil quilômetros de distância de casa. Atualmente, o gerente de TI já não está mais sozinho na cidade australiana. Casou-se, tem dois filhos e mais de 250 colorados que fazem parte do Consulado do Inter em Sydney. Os fiéis torcedores não medem esforços para acompanhar a rotina do Clube: em todos os jogos, se reúnem em um bar para torcer pela equipe colorada.

O número de consulados do Inter no exterior aumentou ligeiramente ao longo dos anos. Além do Consulado de Sydney, são cerca de 85 representantes espalhados fora do Brasil, uma paixão que ultrapassa fronteiras, descendências e etnias. O cônsul honorário do Consulado do Inter em Lisboa, Augusto Morgado, é exemplo disso. Desde 2014, o português passou a dividir o coração entre dois 'Sports': o Benfica e o Internacional. Numa dessas idas e vindas ao Brasil, o viajante conheceu alguns colorados no Estado do Paraná; estes acabaram o incentivando a torcer pelo Inter. E não demorou muito para que Morgado se tornasse cônsul do Clube em Lisboa. Foram quatro anos consecutivos (2014-2018) dedicados a unir a coloradagem na capital portuguesa.

Neste ano, Augusto passou o cargo de cônsul à gaúcha recém-chegada no país, Fernanda Valsecchi. A arquiteta saiu de Porto Alegre e escolheu terras portuguesas para cursar uma nova graduação. Exímia frequentadora de jogos no Estádio Beira-Rio, não pensou duas vezes e assumiu primeiramente como vice; meses depois, passou a ser consulesa do Consulado Colorado de Lisboa. “De 2018 para cá, muitos brasileiros foram para Portugal e começaram a se organizar para acompanharem aos jogos juntos. Eu, que frequentava muito o Beira-Rio, sentia falta desse clima. Esses momentos junto com a galera fazem com que me sinta em casa”, conta Fernanda.

Atualmente, o Consulado de Lisboa conta com um grupo de mais de 100 colorados. A partir deste número, Fernanda explica que um local foi escolhido para ser o ponto de encontro da torcida para acompanhar os jogos do alvirrubro.

“Acabamos encontrando um bar onde o gerente também é colorado. Inclusive, nesse local tem um clima muito semelhante ao Beira-Rio, fica à beira do Rio Tejo. Lá tem um telão só para a gente, e acabou se tornando a sede do consulado. Todo mundo trabalha e estuda aqui, mas sempre que podemos, estamos juntos”.

Representar o Inter através dos consulados é motivo de orgulho para os apaixonados pelo Clube, mas também uma grande responsabilidade, conforme explica o vice-presidente de Relacionamento Social do Inter, Norberto Guimarães. “O Inter está no mundo inteiro e os consulados têm o papel de representar o Clube fora de Porto Alegre. Eles fazem parte da vida do Inter, acolhem os colorados que não vêm com frequência ao Beira-Rio, representam nossa instituição em todos os locais, onde quer que a nossa torcida esteja”.

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