24/12/2012

Os primeiros ídolos e craques do Inter

Alguns jogadores que surgiram no início da década de 1910, ainda na Chácara dos Eucaliptos, marcaram seus nomes na história do Clube

Por Eduardo Cardozo (matéria publicada na edição Nº 80 da Revista do Inter)
*Colaborou Leandro Fonseca, pesquisador do Museu do Inter

Em 1912, o Inter ganhou seu primeiro campo exclusivo de jogo. Era a Chácara dos Eucaliptos, alugada, onde o Clube permaneceu até a década de 1930. Quando chovia, a Chácara alagava e os jogadores eram obrigados a treinar na Várzea, atual Parque da Redenção. Já em 1913, quatro anos depois de fundado, o Inter ganhava seu primeiro campeonato, o Metropolitano, o qual foi seguido de mais quatro, tornando-se pentacampeão. Nesta primeira fase do Colorado, alguns ídolos marcaram seus nomes na história do Clube. Vamos recordar tais personagens a seguir.

Carlos Kluwe
O mais antigo ídolo do Inter

Carlos Antônio Kluwe (desenho ao lado) foi o primeiro ídolo do Inter. Nascido em Bagé, veio para Porto Alegre para estudar medicina. Ingressou no Colorado em 1909, era capitão e atuava como centromédio. Destacava-se por ser habilidoso, ter chute forte e grande estatura (1,90m de altura). Jogou até 1915, ano em que se formou em medicina.

Gre-Nal: primeira vitória no clássico veio com goleada

Seis anos após a fundação, o Internacional goleava o seu principal adversário. Em 1915, Inter 4 x 1 Grêmio: era a primeira vitória colorada em Gre-Nais. O time que ganhou o primeiro clássico para os colorados tinha a seguinte formação: Baes, Simão e Dorneles; Bitu, Kluwe e Lucidio; Túlio, Osvaldo, Bendionda, Muller e Vares.

Em 1919, por falta de jogadores para a partida, Kluwe foi convidado, através de um abaixo assinado, para jogar contra o Grêmio. Depois de convencido, ele participou do embate marcando um dos gols na vitória do Inter pelo placar de 2 a 0. Muitos consideram que Kluwe moldou a vida do Internacional, impondo sua forte personalidade, tornando-se o principal responsável pelas vitórias alcançadas. Kluwe foi essencial nos primeiros anos do Clube. Tornou-se líder e principal jogador colorado na década de 1910.

 

Barros
O capitão do primeiro título gaúcho

Hélio Di Primio Beck recebeu o apelido de Barros para que sua mãe não desconfiasse que ele jogava futebol. Campeão estadual pelo Internacional em 1927, ele também defendeu a seleção gaúcha. Nasceu em Santa Maria e começou a praticar futebol no Colégio Marista daquela cidade. Em 1923, foi estudar na Faculdade de Economia, em Porto Alegre. Ingressou no Internacional no mesmo ano, atuando como ponteiro-esquerdo.

 

1927: a conquista do primeiro título estadual

Multicampeão metropolitano, faltava ao Internacional o reconhecimento estadual. E isto aconteceu no ano de 1927. A final foi disputada no dia 7 de setembro, feriado nacional, contra o Grêmio Bagé. Na época, o campeonato era sempre decidido pelo campeão da chave da Capital contra o vencedor da chave do Interior. A partida foi realizada no bairro Moinhos de Vento, no antigo estádio do rival, em jogos com dois tempos de 40 minutos.

Sem o zagueiro Gilberto, lesionado, o time tinha como principal destaque o capitão Barros, então um dos ídolos da crescente nação colorada. A partida foi bastante equilibrada, com o Inter saindo na frente no último minuto do tempo inicial com um gol do próprio Barros.

Logo no início do segundo tempo, um pênalti para o Inter que o craque colorado Ribeiro se encarregou de bater. Porém, para desespero dos torcedores e do próprio Ribeiro, a cobrança foi para fora. E para piorar, na saída de bola, o Bagé empatou também em uma cobrança de penalidade, através de Pasqualito.

Mas já mostrando a raça que seria símbolo do Clube ao longo das décadas, o Colorado foi para cima e obteve a vitória. Primeiro com Nenê e depois com Barros, que marcou seu segundo na partida e decretou a vitória por 3 a 1. Assim, o Internacional obtinha seu primeiro título gaúcho da história, cabendo ao próprio Barros a honra de levantar o primeiro troféu estadual.

Vares

O ex-jogador colorado tem a incrível e histórica marca de seis gols em um só Gre-Nal. Francisco Vares, também conhecido como Chico Vares, foi um dos maiores artilheiros do Internacional das primeiras décadas.

O dia 30 de julho de 1916 registrou um recorde no clássico. Vares fez os seis gols na vitória de 6 a 1 sobre o Grêmio. A partida foi disputada na chamada Chácara dos Eucaliptos, no bairro Azenha. Foi o primeiro jogo com arquibancadas e vestiários adequados para os times.

Bendionda

Belarmino Carlos Leal D’Avila, ou Bendionda, nasceu em Santana do Livramento. Era alto e atuava como centroavante. Destacava-se por ter um chute forte e preciso. Começou a jogar futebol no 14 de Julho de Livramento. Em 1913 foi estudar em Porto Alegre, onde ingressou no time do Internacional.

Jogou no Clube até 1916, quando retornou à sua terra natal para ocupar o cargo de diretor de uma empresa do ramo de elétrica. A principal partida de sua carreira foi contra o Fuss-ball em 26 de setembro de 1915, quando fez sete gols na vitória do Inter por 10 a 2.

Lampinha

Abilio Melo nasceu em Rivera, no Uruguai. Foi um dos líderes do Internacional nos anos 20 e vida do Clube. Atuava como centromédio e jogava com muita bravura e devoção às cores que defendia. Veio para o Internacional em 1925 e no mesmo ano defendeu a seleção gaúcha. Estava no time do primeiro campeonato estadual conquistado pelo Clube, em 1927. Após encerrar a carreira voltou a residir em Rivera.


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